Reza a lenda que existiram 13 mulheres, as chamadas “13 Matriarcas”, espiritualmente muito elevadas, dotadas de uma sabedoria divina, que se reuniam formando círculos sagrados para propagar o conhecimento e resgatar a poderosa energia feminina entre as demais mulheres. Cada matriarca abrigava no seu coração o poder do conhecimento e da sabedoria, e no seu ventre a capacidade de gerar sonhos. Diz ainda a lenda que toda a sabedoria alcançada ficou registada num campo sagrado, acessível a todas aquelas que o buscassem com a intenção pura de se encontrar.
Ser mulher é muito mais do que uma questão de género
Lendas à parte, sabemos que, desde tempos remotos, a natureza da mulher foi associada aos ciclos de vida na Terra e às fases da Lua. Não é, portanto, de estranhar que haja actualmente, em diversos pontos do planeta, vários movimentos relacionados com o sagrado feminino que procuram recuperar os círculos de mulheres. Estes movimentos têm uma única finalidade: resgatar a força interior que a mulher tem e expandi-la, permitindo-lhe aceder à sua sabedoria intrínseca, desenvolver os seus dons e habilidades, aprofundar o autoconhecimento, e trabalhar em conjunto para promover a autocura e o equilíbrio dos seus pensamentos, emoções e sentimentos.
A verdadeira razão de ser da nossa existência, é expressarmos quem realmente somos
Acredito que a verdadeira razão de ser da nossa existência é aprofundar o nosso crescimento interior e estabelecer uma relação harmoniosa entre a nossa natureza e o nosso ambiente. Expressarmos quem realmente somos, só é possível se aprendermos a olhar para dentro de nós mesmas, entrarmos em contacto com os nossos desafios, acolhermos a nossa natureza, ouvirmos o nosso próprio corpo e olharmos para as nossas dores. Ao nos voltarmos para dentro descobrimos o caminho da sabedoria e da aprendizagem, do enfrentamento dos medos e das dificuldades, do perdão e do diálogo compassivo com nós mesmas e com quem nos rodeia.
A busca pela igualdade fez-nos afastar da nossa essência
Ao longo do último século, após muitas lutas pela igualdade de direitos e oportunidades, as mulheres tornaram-se mais activas e passaram a desempenhar novos papeis na sociedade. Passámos a acreditar que para sermos bem-sucedidas, e sermos respeitadas e tratadas como os homens teríamos de agir como eles. A busca pela igualdade fez-nos afastar da nossa essência, da nossa verdadeira identidade. Em boa verdade, conseguimos conquistar espaço na educação e no mercado de trabalho, mas na prática, muitas mulheres continuam a lutar por respeito, reconhecimento e equiparação salarial.
Enquanto Terapeuta e profissional de Desenvolvimento Pessoal, mas também enquanto mulher, é com muito pesar que ainda ouço algumas mulheres referirem que, para serem independentes precisam de pensar, agir e funcionar como os homens, ou que ser mulher é viver à sombra do homem, atendendo aos seus desejos e suprindo as suas necessidades. Qualquer uma destas atitudes leva muitas mulheres a criarem um vazio relacional nas suas vidas sem que sequer se apercebam disso. Algumas só se dão conta quando confrontadas com a solidão ou quando passam por mudanças significativas nas suas vidas. É nessa altura que começam a procurar a sua identidade, à procura do que, em essência, é ser mulher.
Exercer a nossa individualidade não implica prescindirmos do outro
Creio que se impõe uma grande reflexão acerca do que é ser mulher, da nossa identidade. Precisamos de clarificar qual o nosso verdadeiro papel e de aprender uma nova forma de lidar com o masculino, numa relação de respeito mútuo e reciprocidade. Exercer a nossa própria individualidade não implica prescindirmos do outro nem tão pouco estabelecer uma relação de competitividade com o nosso parceiro. Se fizermos isso estaremos a abdicar do que um relacionamento nos pode proporcionar de belo, criativo e prazeroso.
Ser mulher não significa ser melhor ou pior do que o homem, somos apenas diferentes. Ambos temos potenciais idênticos, idêntica força interior, inteligência e criatividade, o mesmo valor e os mesmos direitos, mas somos seres de naturezas distintas. Podemos ser gentis e atenciosas e também determinadas, podemos ser fortes e simultaneamente ternas e doces, podemos ser românticas e igualmente competentes.
O mais importante é estarmos mais em contacto com a nossa essência, o nosso universo interior e agir de acordo com os nossos verdadeiros sonhos e desejos, sem nos preocuparmos com expectativas externas, evitando os estereótipos e pressuposições preconceituosas, pois somos todos seres únicos e temos formas de nos expressarmos e de agir singulares!
Krystel
“(…) é com muito pesar que ainda ouço algumas mulheres referirem que, para serem independentes precisam de pensar, agir e funcionar como os homens. (…) Ser mulher não significa ser melhor ou pior do que o homem, somos apenas diferentes. Ambos temos potenciais idênticos, idêntica força interior, inteligência e criatividade, o mesmo valor (…)” – isso! ?
Ana Paula Vieira
Grata.