A regulação emocional foi um tema votado ao esquecimento durante séculos. Esta atitude conduziu aquilo a que Stephen Rosen chamou de “incapacidade treinada” (Goleman, 2016). As emoções eram reprimidas o que fez com que as pessoas se desconectassem de si mesmas.
As emoções foram mantidas à margem durante séculos
A ideia dominante era que o que nos distingue de outros seres é a razão. Um dos requisitos para se ser uma pessoa bem-sucedida era deixar as emoções de lado. Ou seja, o mais importante era ser-se intelectualmente inteligente. Assim, os sentimentos e emoções deveriam ser descartados.
Só em meados do século XX, a Psicologia voltou a dar a devida atenção às emoções e ao seu papel. Então, os pressupostos de que a inteligência intelectual era suficiente para o sucesso começaram a desmoronar.
A pouco e pouco ficou claro que conceitos como a Inteligência Emocional eram essenciais. Posteriormente, já no final do último século, surgiu o conceito de resiliência emocional. Estas novas ideias revelam que o sucesso profissional e a felicidade pessoal são independentes da capacidade intelectual. A regulação emocional é crítica para o bem-estar. Contudo, muitos de nós não aprendemos a lidar com as emoções de forma saudável.
Se desaja saber mais sobre a importância das emoções ouça o episódio do Podcast abaixo.
O que é a regulação emocional?
Geração após geração, as pessoas habituaram-se a reprimir as emoções. A escondê-las o melhor que podiam, mantendo-se em constante conflito interno. Daí a importância de se aprender a regular as emoções, mesmo na adultez.
A regulação emocional não se refere apenas ao alívio de emoções ditas negativas. Embora seja usual pensar-se isso, ela também diz respeito às emoções ditas positivas.
Em psicologia, o termo regulação designa os mecanismos cuja função é modificar, de alguma forma, a experiência emocional. É o processo de transformação, quer da sensação interior (subjectiva), quer da expressão (objectiva) de qualquer emoção. Ou seja, diz respeito tanto ao alívio ou intensificação da experiência emocional quanto à forma como é canalizada.
Para regular as emoções é necessário, antes de mais, conhecer-se o que precede a auto-regulação. Em primeiro lugar, é preciso saber captar as emoções. Em seguida é necessário identificar e rotular. E por fim, compreender as próprias experiências emocionais. A aptidão de captar é inata, mas precisa de ser exercitada. Mas identificar, rotular e compreender o que se está a sentir, são competências que têm de ser aprendidas. É uma aprendizagem que demora algum tempo a consolidar.
Como se adquire consciência emocional
Aquilo que nos permite demonstrar empatia é a consciência emocional. Portanto, é necessário identificar e compreender o que as outras pessoas estão a sentir. Assim, é preciso identificar e nomear as emoções sentidas. Rotulá-las com precisão. O que implica conhecer as nossas emoções e compreendê-las, em primeiro lugar.
Então, precisamos de um bom léxico emocional. Ou seja, conhecer bem as nossas emoções para as podermos identificar e compreender nos outros. Só assim sermos capazes de avaliar o que outros sentem e demonstrar empatia.
Resiliência emocional vs regulação emocional
A resiliência emocional é mais do que apenas resistência. É a conjugação da consciência emocional e de acção intencional. É uma competência essencial para o funcionamento óptimo em qualquer contexto. Desenvolver consciência emocional e resiliência é, sobretudo, uma prática contínua.
As emoções são programas neurológicos que requerem acção. Ou seja, são dados, trazem-nos informação relevante. São mensagens importantes e muito específicas. Todavia, há por aí muita informação errónea no que concerne as emoções.
Por essa razão torna-se difícil separar o trigo do joio. E, como não as sabemos distinguir, lidamos mal com elas. Em conclusão, somos pouco hábeis com as nossas emoções ou as de qualquer outra pessoa.
No próximo artigo irei abordar a importância destas competências para a educação emocional das crianças. Se gostou do tema, deixe o seu comentário abaixo. Gosto de saber se estes conteúdos são úteis.
Seguimos juntas com mais amor do que dor.
Referências bibliográficas
Barrett, Lisa. (2017). How emotions are made. Houghton Mifflin Harcourt.
Bharwaney, Geetu. (2015). Emotional resilience. Pearson Education
Goleman, Daniel. (2015). Inteligência emocional. Temas e Debates.
Goleman, Daniel. (2016). Trabalhar com Inteligência emocional. Temas e Debates.
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