Quando era criança, o Natal era um período mágico, cheio de harmonia, solidariedade, amor e compaixão. Por vezes pergunto-me o que é feito do Espírito do Natal? Também havia materialismo, é verdade. Colocávamos o sapatinho na lareira e no dia de Natal de manhã íamos a correr ver o que o Menino Jesus nos tinha trazido. Mas havia algo muito mais transcendente.
Actualmente, emersos no consumismo, sinto que o verdadeiro espírito de Natal se perdeu. É certo que continua a haver campanhas de solidariedade em prol dos mais carenciados. Os apelos à boa vontade e à generosidade proliferam nos mais diversos sectores da sociedade. Mas não é a mesma coisa!
No Natal da minha infância, a celebração do nascimento de Jesus reacendia a centelha de amor e da paz nos corações, e esqueciam-se desavenças e outras quesilhias. Acima de tudo, vivia-se o verdadeiro sentido do Natal, com humildade e fraternidade. Inspirados pela figura de Jesus, a personificação do amor incondicional, da generosidade e da bondade, as famílias reuniam-se e partilhavam amor e alegria.
Natal significava Paz e amor entre os homens de boa vontade
As crianças aprendiam que Natal significava Paz e amor entre os homens de boa vontade. O ritual de Acção de Graças, durante o almoço de Natal, era uma solenidade que até as crianças tinham de reverenciar. Numa prece improvisada, expressava-se gratidão por todas as nossas bênçãos, pedia-se Paz na Terra e nos corações da humanidade, protecção para os indefesos, abundância para os famintos e saúde para os enfermos.
Enviávamos e recebíamos cartões de Boas Festas, repletos de mensagens de amor e esperança. Agora, na era da Globalização e das Tecnologias de Informação, enviam-se SMS ou colocam-se Posts nas redes sociais, porque é mais fácil. Com as correrias das compras e a lufa-lufa da vida, não há tempo a perder e, assim, ninguém se sente excluído!
Então, e as crianças?
Como lhes será explicado o verdadeiro sentido do Natal? De que forma vão descobrir o significado dessa Paz nos corações humanos? Quem lhes vai ensinar o que é bondade e compaixão? Como vão aprender o que é empatia? Qual a probabilidade de alguém lhes falar do amor e da generosidade? Como irão integrar estes valores que influenciam de modo tão especial o sentido da vida e de ética pessoal, enquando determinantes do desenvolvimento individual.
Até quando vamos continuar a atropelar o espírito do Natal?
Se continuarmos obcecados com o Ter ignorando o Ser, o que acontecerá à magia do Natal? O que será das crianças no futuro se continuarmos a sonegar-lhes o que nutre verdadeiramente o espírito e molda o carácter? Se não plantarmos as sementes dos valores como o amor, a compaixão, a fraternidade e a solidariedade, nas crianças de hoje, como poderão elas ser adultos compassivos e bondosos no futuro? Como poderão viver o Natal como uma época de solidariedade, fraternidade, alegria, amor, proximidade e convívio com a família e os amigos?
Actualmente as crianças sofrem muito com a ausência dos pais, os quais nem se dão conta disso. Muitos estão tão focados nas suas carreiras e nos seus afazeres, com horários demasiado sobrecarregados que não lhes permitem dedicar tempo de qualidade aos seus rebentos. Muitos pais não têm tempo para ouvir os filhos, para os conhecer, para lhes ensinar as coisas que nunca irão aprender na escola, como os valores e virtudes que lhes moldarão as forças de carácter.
O meu desejo mais profundo neste Natal é que, à semelhança de antigamente, estejamos mais em família, sejamos mais amor, mais compaixão e mais solidariedade. Que nos demos de presente, sem reservas e sem egoísmo. Sejamos mais coração e menos ego, o mundo precisa de nós.
Maria do Céu Arsénio Balé
Olá Ana !
Gostei muito do artigo que vai muito ao encontro do que penso atualmente.
O meu Natal foi passado com tranquilidade no Alentejo com a pouca família que tenho por lá… sem gastos excessivos e o pensamento nos momentos bem passadas com presentes e ausentes – sempre com muita paz e de coração aberto para tudo partilhar.
Com já não vou a tempo de lhe desejar um Bom Natal, desejo-lhe a si e a todos os seus um Feliz Ano Novo pretendendo para mim contar sempre com a sua Amizade.
Abraços
Ana Paula Vieira
Agradeço os sues votos e retribuo-os com carinho. As suas gentis palavras enchem também o meu coração. Um beijinho embrulhado num abraço carinhoso 🙂