Quando o medo impera, pagamos um preço elevado… Então, como podemos enfrentar o medo em vez de nos tornarmos reféns dele?
O medo reprimido impede-nos de crescer
No contexto de sobrevivência em que nos encontramos actualmente o medo é, provavelmente, a emoção mais predominante. Contudo, quanto mais evitamos ou reprimimos o medo, mais tóxico se torna. O medo, quando não é enfrentado impede-nos de assumir os riscos que nos permitem crescer. Se ficarmos reféns do medo ele impede-nos de enfrentar desafios maiores e mais gratificantes e de construir relações fortes e significativas.
Quando sentimos medo ou ficamos ansiosos, o nosso cérebro activa o sistema nervoso o qual desencadeia uma série de reacções fisiológicas e hormonais em resposta ao perigo percepcionado. Ou seja, prepara o nosso corpo para uma resposta de luta, fuga ou congelamento.
Se a ameaça percebida é moderada, desencadeia uma resposta de luta ou fuga. Mas se a ameaça percebida é extrema surge a resposta de congelamento (como é o caso dos ataques de pânico). Aí, as reacções físicas e emocionais são bloqueadas como acto de protecção contra esse perigo.
O medo muda o cérebro
De acordo com a neurociência, se repetirmos os mesmos comportamentos e reacções com frequência, começa a formar-se um novo caminho neuronal no cérebro. Ou seja, cria-se um novo hábito!
E, se os nossos hábitos forem alicerçados no medo, então ficamos presos a um padrão de raiva, julgamento, criticismo e vergonha. Em resultado disso, os nossos níveis de stress disparam e a ansiedade aumenta. Consequentemente, isso afecta negativamente o nosso bem-estar psicológico, a nossa produtividade e as nossas relações.
Face ao medo é frequente desenvolvermos hábitos de fuga na esperança de nos mantermos seguros. Os hábitos de fuga mais comuns são a busca de conforto na comida, álcool ou outras substâncias, ou a adopção de atitudes de passividade ou negação da realidade.
Dois equívocos culturais que nos empurra para o medo
Há dois erros comuns na nossa cultura que quase nos empurram para os braços do medo:
1) Equiparar a coragem ao destemor – quando são coisas distintas. E,
2) quando a pessoa não consegue ser destemida, por se sentir envergonhada, avança sozinha. Consequentemente, ou desiste ou esmorece.
Ou seja, nenhuma destas perspectivas gera confiança. Em vez disso, aumentam o medo e alimentam a vergonha e o isolamento. O destemor significa ausência de medo o que, em última análise, pode ser considerado imprudência. A coragem é a força mental de perseverar apesar do medo.
A verdade é que não há como evitar o medo, nem conseguimos crescer verdadeiramente sem ele. É o medo que nos fornece energia para agir face aos desafios.
Segundo a teoria do apego de John Bowlby, quanto mais seguros nos sentimos por sermos apoiados e encorajados, mais forte se torna a nossa exploração criativa. É por essa razão que o encorajamento se chama encorajamento – porque receber apoio inspira coragem dentro de nós.
O crescimento acontece quando enfrentamos ou experimentamos algo que nunca se enfrentou ou tentou antes, o que significa penetrar em terreno desconhecido.
Se um bebé desistisse de voltar a tentar andar após a primeira queda, nunca chegaria a caminhar. Pelo contrário, os bebés e crianças transformam o medo em curiosidade. Isso ajuda-os a explorar o desconhecido e, em última análise a crescer.
Então, como podemos enfrentar e libertar-nos do domínio do medo?
Através da regulação das emoções.
O medo e a ansiedade andam, geralmente, de mãos dadas. Por isso, é essencial ter estratégias eficazes e descomplicadas para lidar com estas emoções intensas. Só tendo competências de regulação emocional podemos dominar as emoções em vez de sermos dominados por elas.
O cérebro tem modos de funcionamento distintos face ao desconhecido. Quando estamos perante algo inexplorado, a prudência predomina. Mas após avaliada a “ameaça” esta é substituída pela curiosidade – expressa na esperança, no entusiasmo. Assim, a única forma de deixar de viver uma vida de medo, uma vida estagnada, é substituir o medo por curiosidade.
Conclusão
Quando se sentir dominado pelo mendo, avalie o seu ambiente, a sua realidade…
O mais provável é que essa “ameaça” não seja assim tão assustadora.
Experimente sair da sua zona de conforto. Vai ver que custa muito menos do que lhe parece!
Se nunca se experimentar nada de novo não se cresce.
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Do meu coração para o seu, mais amor do que dor
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