A forma como elaboramos as nossas construções internas (os nossos pensamentos, sentimentos e narrativas), segundo a Dr.ª Susan David, é determinante para a qualidade da nossa vida. No seu livro “Agilidade Emocional” Susan David, uma renomada psicóloga especialista em emoções, felicidade e realização, refere que mais de vinte anos de pesquisa demonstraram que as pessoas emocionalmente ágeis, não são imunes ao stress e aos desaires. O que as diferencia é a sua capacidade de desenvolver espírito crítico sobre os seus sentimentos em relação às situações, e de usar esse conhecimento para se adaptar, alinhar os seus valores e acções, e fazer mudanças que as estimulam a prosseguir. Por outras palavras, a agilidade emocional é o caminho para a serenidade.
A imagem que criamos de nós mesmos, guia as nossas acções
O modo como percebemos o nosso eu interior é um factor predecessor dos sucessos ou insucessos em que incorremos e da maneira como vivemos. A imagem que criamos de nós mesmos, guia as nossas acções, carreiras, relacionamentos, saúde e felicidade. Se criarmos uma auto-imagem negativa estaremos a enfraquecer o nosso potencial e a comprometer o nosso sucesso. Todavia, possuímos estruturas evolutivas que nos permitem fazer as adaptações necessárias à transformação a fim de alcançarmos o sucesso e a felicidade que almejamos.
A agilidade emocional permite-nos identificar e penetrar crenças do passado que nos impedem de efectuar mudanças e perseveramos na persecução dos nossos objectivos. Ao abrimos a porta da transformação desenvolvemos espírito crítico para discernir o que já não nos serve, coragem e flexibilidade para nos adaptarmos à nova realidade e manifestar o melhor que há em nós.
Uma semente só pode crescer a partir de um solo fértil, limpo de ervas daninhas, que receba água e luz solar. Da mesma forma, podemos eliminar crenças que interiorizámos no passado e que não nos servem, e permitir que novas experiências e pensamentos nos modelem.
Ao longo da vida, somos confrontados com mudanças constantes.
Ao longo das nossas vidas, somos confrontados com mudanças constantes, às quais temos de nos adaptar. Os nossos rostos e os nossos corpos vão mudando à medida que crescemos e envelhecemos, as nossas situações financeiras vão mudando à medida que passamos de estudantes para adultos ‘responsáveis’, alguns constituem família e têm filhos e aprendem a colocar outra vida humana à frente da sua. Para abraçarmos essas mudanças, as valorizarmos e desfrutamos delas ao máximo, precisamos de ser capazes de nos adaptar.
É essencial que sejamos capazes de derrubar velhas crenças e padrões de pensamento antigos, e desenvolver uma mentalidade que nos inspire crescimento e adaptabilidade. As experiências pelas quais passamos ao longo das nossas vidas são muito diversas e seria absurdo esperar que as mesmas regras ou acções fossem aplicáveis a toda a multiplicidade de circunstâncias. Assim, é essencial que sejamos emocionalmente flexíveis para podermos abraçar positivamente as mudanças e experimentar emoções positivas em relação a essas mudanças. Precisamos de ser capazes de mudar a nossa mentalidade para nos adaptarmos a novas situações.
A mudança causa desconforto emocional
A mudança é algo que causa desconforto emocional e, embora algumas pessoas referiram que a receiam devido às suas implicações ambientais e existenciais, o mais provável é temerem não gostar da nova pessoa em que se podem tornar. Todavia, ao longo da vida somos confrontados com eventos significativos e inevitáveis, como a morte e as perdas, fazendo com que tenhamos de enfrentar essas mudanças. Nesses momentos, embora possamos, por vezes, resistir por algum tempo, somos forçados a mudar e a enfrentar essas inevitabilidades. Estamos em constante evolução, portanto, é essencial usarmos a nossa agilidade emocional para facilitarmos a transição saudável de um estado para outro.
A Agilidade emocional é a capacidade de estar em contacto, de forma saudável, com os nossos pensamentos, emoções e experiências, incluindo as inquietações e preocupações. Se formos capazes de fazer isto, podemos então agir em concordância com a forma como queremos viver e estar no mundo. O ponto fulcral é aprendermos com todas as nossas emoções, incluindo as mais incómodas e desafiantes.
A agilidade emocional não é uma capacidade inata
A agilidade emocional não é uma qualidade ou capacidade inata, mas pode ser desenvolvida e fortalecida através da prática. O caminho para a agilidade emocional começa com a atenção ao que está a acontecer dentro de si mesmo. O ponto de partida é a observação dos próprios pensamentos, sentimentos e emoções, como se se tratasse de outra pessoa, sem julgar ou criticar o que está a ser observando. Só assim podemos avaliar correctamente as nossas emoções e, sem lutar com elas, compreendê-las e identificá-las, ou seja, classifica-las com precisão. Em vez de dizer “estou stressado”, se procurarmos compreender o que sentimos verdadeiramente podemos perceber que afinal o que sentimos é frustração ou tristeza.
Ao identificarmos as nossas emoções de forma mais precisa e adequada, especialmente as emoções incómodas, podemos fazer escolhas intencionais e congruentes com o que estamos realmente a sentir. E, assim, aprender a trilhar o caminho da serenidade!
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